Você sabe à hora certa de procurar um cardiologista?

Por Dr. Arthur Luiz F. Lima – cardiologista

O médico cardiologista Arthur Luiz Feitoza Lima é natural de Delmiro Gouveia-AL. Graduou-se na cidade de Maringá-PR no ano de 2015 , na UNINGA. Fezz residência em Clínica Médica no Hospital da Providência, em Arapongas, no Paraná e Cardiologia , também em Arapongas, no HONPAR – Hospital do Norte do Paraná. Ainda atuou na Unidade de Terapia Intensiva Cardíaca do Honpar e UTI Geral no Hospital da Providência. Atualmente, o Dr. Arthur Luiz trabalha nas Unidades de Terapias Intensivas do HMPA – Hospital Municipal de Paulo Afonso-BA e do Hospital Regional do Alto Sertão, na cidade onde nasceu, Delmiro Gouveia – Alagoas. Arthur diz que a escolha da profissão foi algo predestinado, desde crianças ‘’tinha a vontade e a convicção de que seria médico, para poder ajudar a salvar a vida das pessoas e proporcionar a elas qualidade de vida através de uma boa saúde’’, enfatiza o cardiologista que nos concede essa entrevista nos chamando a pensar quando é que devemos procurar ajuda para saber como anda o nosso coração, claro, ajuda de um profissional cardiologista. Acompanhe e boa leitura!

Star Bem – Dr. Artur Luiz qual a hora certa de buscar pelo profissional da cardiologia?
Arthur Luiz F. Lima – Segundo levantamento realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças do coração encabeçam a lista das que mais matam no mundo, com cerca de 7,5 milhões de mortes por ano. Por essa razão, a realização do chamado check-up cardíaco torna-se cada vez mais importante, mas para obtê-lo é preciso, logicamente, se consultar com um cardiologista.
Antes de qualquer coisa, tenha em mente que não há um momento específico para consultar um cardiologista, já que a ocasião pode variar de acordo com diversas situações. Quando não houver o envolvimento dos fatores de risco, o recomendado é: homens devem realizar a primeira avaliação logo após completarem 40 anos, e as mulheres, depois dos 45. Agora, se houver a envolvência dos fatores de risco, a idade para o primeiro cardíaco reduz para 30 e 40 anos, respectivamente.
SB – Quais são os fatores que podem apontar a necessidade de uma consulta?
AL – De forma clara e objetiva, os principais fatores de risco que apontam necessidade de procurar um profissional especialista da cardiologia são:
· Tabagismo;
· Hipertensão (pressão alta);· Diabetes;
· Obesidade;
· Consumo excessivo de álcool;
· Estresse;
· Sedentarismo;
· Colesterol elevado;
· Histórico familiar.
Com exceção do histórico familiar, todos os outros fatores são considerados mutáveis, ou seja, que são possíveis de prevenir ou tratar com algumas mudanças.
Nesse sentido, o ponto a destacar é o estilo de vida que você leva. Compreenda que os suas escolhas influenciam diretamente nas chances de sofrer ou não com alguma doença do coração.
Por isso, a dica é a seguinte: pratique exercícios físicos regularmente, cuide da sua alimentação e evite fumar. Lembre-se também de controlar a bebida alcoólica.
SB – Quando consultar um cardiologista de imediato?
AL – Com ou sem a presença dos fatores de risco, não hesite em procurar o especialista se você experimentar um ou mais dos seguintes sintomas:
· Falta de ar ao fazer algum esforço;
· Cansaço excessivo e anormal;
· Dores no peito;
· Batimentos acelerados;· Palpitações;
· Desmaios frequentes;
· Pele azulada.
· Dores de cabeça anormais e sem motivo aparente.
Entenda que esses sinais podem indicar a existência de algum problema mais sério. Assim sendo, consulte um cardiologista o quanto antes para evitar que sua vida esteja em risco.
SB – Que exames envolvem a consulta?
AL – É interessante que você saiba o que envolve uma avaliação cardíaca. Basicamente, são eles:
Ø Eletrocardiograma
Rápido e simples, o eletrocardiograma analisa os batimentos do coração por meio de eletrodos metálicos colocados sobre a pele do paciente.


Ecocardiograma
Exame que concede imagens em movimento das diferentes estruturas cardíacas: válvulas, tamanho das cavidades, funções etc.
Ø Teste ergométrico
O teste ergométrico se resume a uma verificação de esforço, e é utilizado para observar as possíveis complicações quando a pessoa está em repouso ou em atividade.
Ressonância magnética
Técnica que é bastante usada para obter as imagens da região torácica e do coração. Aqui é possível detectar anomalias e avaliar o seu tamanho.Por fim, considere que o simples ato de se consultar com um cardiologista pode ser a razão que o permitirá viver mais e melhor. Além de lhe informar o diagnóstico da sua saúde cardíaca atual, esse profissional também lhe ajudará a escolher quais são os melhores hábitos para você.
SB – Quais são as doenças cardíacas mais comuns?
AL – Depois de apresentar os primeiros sintomas de doença e receber um diagnóstico pontuo aqui as patologias cardíacas mais comuns vistas no cotidiano do cardiologista. São elas:
Hipertensão Arterial
A hipertensão arterial é uma doença sistêmica provocada basicamente pelo enrijecimento das artérias, levando a um estreitamento das paredes dessas artérias. Esse estreitamento pode ser causado por fatores genéticos, raciais, sedentarismo, consumo abusivo de sal de cozinha, tabagismo, sobrepeso/obesidade, stress, diabetes mellitus, ingestão de bebidas alcoólicas e medicamentos como anti-inflamatórios,corticóides, descongestionantes nasais, antidepressivos e anticoncepcionais.
Trata-se de uma doença que pode ser silenciosa (sem sintomas) que quando não tratada poderá levar a doenças cardíacas, renais, oculares e cerebrais. O limite máximo da pressão arterial em repouso é de 13,5 x 8,5. Acima desses valores o indivíduo é considerado hipertenso. Dores de cabeça ou torácicas, visão com pontos brilhantes, dificuldade para respirar e vertigem podem ser alguns dos sintomas de hipertensão. É preciso medir a pressão arterial nesses momentos e, posteriormente, em intervalos regulares para controle. A hipertensão pode provocar angina (dor no peito), infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC) e lesões renais graves.
Arritmia cardíaca

Uma pessoa normal apresenta uma frequência cardíaca entre 60 e 100 bpm (batimentos por minuto). Na arritmia, esses batimentos são irregulares e podem ser muito acelerados (taquicardia) ou lentos (bradicardia).
Essa doença acontece devido uma disfunção dos impulsos elétricos do coração. Geralmente, ela é considerada benigna e não provoca sintomas no paciente. Em outros, no entanto, pode se tornar grave, alterando o desempenho e função cardíaca. Os sintomas envolvem desmaios e dores no peito e, dependendo da seriedade do caso, podem levar o paciente a óbito.
Insuficiência cardíaca
Caracterizada pelo bombeamento deficiente de sangue para irrigar o corpo, a insuficiência cardíaca é uma doença que provoca a redução do fluxo sanguíneo e refluxo nas veias, o que debilita o coração e gera sintomas como cansaço excessivo e
inchaço nas pernas. Essa patologia prejudica a chegada de nutrientes e oxigênio aos órgãos,os quais também sofrem com o acúmulo de sangue, especialmente pulmões, fígado e intestinos. Assim, eles não desenvolvem suas funções da maneira adequada, o que afeta negativamente todo o organismo. Ela é considerada comum e acomete pessoas de qualquer idade. Pacientes com histórico de hipertensão, diabetes e arritmia estão mais propensos a apresentar esse problema. De caráter crônico, a insuficiência cardíaca se desenvolve de forma gradativa e permanece ao longo da vida.
Infarto
Também conhecido como ataque cardíaco, o infarto é uma das doenças cardiovasculares mais graves, pois é a principal causa de morte súbita na população mundial. Nela, parte das células do músculo cardíaco (miocárdio) morre por causa da falta de irrigação sanguínea, devido à presença de um coágulo ou placas de gordura nas artérias coronárias, provocando a sua obstrução ou rompimento.

Como conseqüência, o miocárdio é danificado e deixa de exercer sua função, que é bater e bombear sangue para todo o corpo. Essa condição provoca muita dor no peito e, como dito, pode ser fatal.A maioria das pessoas que sofreram um infarto, nunca apresentou nenhum sintoma de doença cardíaca. Sabendo disso, o acompanhamento constante com o cardiologista para prevenir essa doença é essencial.
SB – Quando mencionamos as doenças cardíacas a hereditariedade é um fator de risco?
AL – Um fator importante que deve ser considerado é o histórico familiar. Se você tem casos na família de doença coronariana, hipertensão, diabetes, ou parentes que sofreram morte súbita devido a um infarto, por exemplo, é recomendado iniciar as visitas periódicas com o especialista a partir dos 30 anos para os homens e 40 para as mulheres. Assim, é possível fazer um monitoramento frequente dos seus parâmetros fisiológicos, o que é fundamental quando as doenças cardíacas passam a ser mais comuns. Apesar disso, não existe idade específica para visitar um cardiologista, ou seja, se o seu organismo apresentar sinais de que não está funcionando direito, você não deve hesitar em procurar ajuda médica.
SB – Os hábitos do cotidiano podem adoecer o coração?
AL – Hábitos de vida nada saudáveis, como fumar, ter uma má alimentação e não praticar exercícios físicos, são fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardíacas.
O motivo está no que essas ações fazem no seu corpo: o tabagismo aumenta a pressão cardíaca, enquanto uma má alimentação e o sedentarismo contribuem para o acúmulo de gordura nos vasos sanguíneos, aumentando as chances de acidentes vasculares. Caso você se encaixe nesse perfil, visitar o cardiologista é muito importante para receber incentivo e mudar esse estilo de vida. Além disso, o profissional também vai esclarecer os riscos que esses comportamentos trazem para a sua saúde e monitorar seus parâmetros fisiológicos até que eles se normalizem.
SB – A afirmativa de que a prática de esportes é excelente para a saúde do coração procede?
AL – Destacamos que o sedentarismo é um hábito muito negativo para a saúde do coração.

Todavia, você também deve ficar atento se for começar uma atividade física e já sofre com algum problema cardíaco ou hipertensão. Embora a prática seja fundamental para a manutenção da sua saúde, quando há presença de doenças, é preciso ter cuidado. Isso porque o esforço realizado durante um exercício pode desencadear sintomas desagradáveis e, até mesmo, agravar a sua condição clínica. Portanto, antes de dar início aos esportes, visite um cardiologista para ter certeza que você está apto para a prática.
SB – Dr. Arthur, fim de ano chegando e, também, as festas natalinas e de passagem de ano, época em que sempre há exageros, que recomendação o senhor dá para as pessoas aproveitarem as festas sem ter problemas do coração?
AL – Festas e confraternizações. Viagens e férias. O fim do ano é sempre um período concentrado de eventos e datas que acabam por mudar bastante a rotina. Com as festas e as agendas agitadas, chegam os excessos, que vão do consumo exagerado de comidas gordurosas e de bebidas alcoólicas, até a fuga da academia, as noites mal dormidas, estresse, fadiga e cansaço por conta do ritmo frenético. Este combo de final de ano pode sobrecarregar o coração, afetar a saúde, o bem-estar e comprometer o que já foi conquistado. Então, mesmo diante de tantos compromissos, celebrações e alterações na rotina, é fundamental manter a prática de atividade física, os hábitos saudáveis de alimentação e o coração bem cuidado. Veja como se manter bem e festejar com consciência com as dicas que preparamos aqui. A dica é:

  • Consumir carnes magras grelhadas como peixe (salmão ou pescada) e frango sem pele ou reduzir a quantidade de sobremesa. Preserve o sono, descanse;
  • Hidrate-se.
  • Já sobre as bebidas alcoólicas, reduza ou até mesmo evite e busque por uma avaliação por um cardiologista.
    E aproveito para desejar a todos os leitores da revistas Star Bem e aos meus pacientes um Feliz Natal e um Próspero Ano Nov, mas se lembrando sempre de colocar a saúde em primeiro lugar para termos muito o que comemorar.
    Dr. Arthur Luiz Cardiologista
    CRM/BA 37989 | RQE 28175